Verbalize-se!

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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Desde que Mal & Sofrimento existem, um Deus de Amor não pode...?



  A presença da dor, do mal e do sofrimento em nosso mundo são os argumentos mais persistentes levantados contra a crença em Deus. Normalmente, é algo assim ...

 Um Deus onisciente saberia que o mal existe.
 Um Deus todo-amoroso desejaria impedir do mal existir.
 Um Deus todo-poderoso poderia impedir o mal de existir.


 Mas o mal existe...

  Agora dado que a quarta proposta pareça ser inegável, pode-se inferir que um dos outros três devem ser falsos e, portanto, não pode haver um Deus onisciente, todo-amoroso e todo-poderoso. Ou, dito de outra forma, se Deus existe, Ele deve ser "impotente, ignorante ou perverso". Xeque-mate, ou pelo menos algumas pessoas pensam isso.

  No entanto, não muito tempo atrás, um filósofo americano chamado Alvin Carl Plantinga estendeu uma nova proposta que se destina a demonstrar que é logicamente possível para um Deus em criar um mundo que não contém o mal. Isto é como ele resumiu em sua defesa:


  "Um mundo com criaturas que são significativamente livres (e livres em realizar mais boas do que más ações, como deveria ser) é mais valioso do que um mundo que não contenha criaturas livres em tudo. Agora Deus pode criar criaturas livres, mas Ele não pode causar ou determinar que elas façam apenas o que é certo. Pois, se Ele assim o faz, então elas não são significativamente livres afinal, elas não fazem o que é certo livremente. Para criar criaturas capazes de boa moral, portanto, Ele deve criar criaturas capazes de moral ruim, e Ele não pode dar essas criaturas a liberdade para fazer o mal e, ao mesmo tempo impedi-las de fazê-lo".

  CS Lewis concorda dizendo, imagine uma viga de madeira que se torna suave como a grama quando foi usada como arma, e o ar se recusa a obedecer-me se eu tentasse criar nele ondas sonoras que carregam mentiras ou insultos. Mas tal mundo seria aquele em que ações erradas eram impossíveis, e portanto, a liberdade da vontade seria nula, ou melhor, se o princípio fosse realizado à sua conclusão lógica, os maus pensamentos seriam impossíveis e a matéria cerebral que nós usamos pra pensar recusaria a sua tarefa quando tentássemos enquadrá-las. Continuando sua defesa, Plantinga diz: "Como se viu, infelizmente, algumas das criaturas livres Deus falharam no exercício de sua liberdade, que é a fonte da moral ruim. O fato de que criaturas livres, por vezes, dão errado em suas ações, no entanto, conta. Porém não contra a onipotência de Deus, nem contra a sua bondade, pois Ele poderia ter prevenido a ocorrência da moral ruim apenas eliminando a possibilidade de boa moral ".

  Assim, mesmo que Deus é todo-poderoso, é possível que não estivesse em seu ímpedo em criar um mundo contendo boa moral, mas nenhuma moral ruim e, portanto, não há inconsistência lógica envolvida, quando Deus, apesar de totalmente bom, cria um mundo de criaturas livres que optaram por fazer o mal.


Fyodor Dostoevsky escreveu em Os Irmãos Karamazov:

"Eu acredito que como uma criança no qual o sofrimento há de ser curado e compensado, que todo o absurdo humilhante de contradições humanas vão desaparecer como uma miragem lamentável​​, como a fabricação desprezível da mente impotente e infinitamente pequena e euclidiana do homem, que no final do mundo, no momento da harmonia eterna, algo tão precioso acontecerá que será suficiente para todos os corações, para o conforto de todos os ressentimentos, para a expiação de todos os crimes da humanidade, de todo o sangue que D'ele foi derramado; que Ele fará isso não só porque é possível perdoar, mas para justificar tudo o que aconteceu. "


- Cortesia de: Whatis Media -

domingo, 4 de setembro de 2011

Viciados em Mediocridade (Franky Schaeffer)


   Este livro de título provocativo apresenta os pensamentos de Frank Schaeffer, filho do renomado teólogo Francis Schaeffer, a respeito da arte conteporânea cristã, no qual enfrenta um período maciço de timidez expressiva diante de um cenário de sofisticação cultural.

   No livro, Frank demonstra como os cristãos sacrificaram sua posição artística proeminente, desfrutada por séculos, por uma produção medíocre. As evidências deste triste estado das coisas estão em abundância por aí e vão desde canecas, camisetas, adesivos para carros que usam o nome de Deus como um slogan de marketing, colocando o Criador do Universo no mesmo nível de um refrigerante. Schaeffer afirma que "sempre que cristãos, evangélicos em particular, tentaram ‘alcançar o mundo' por meio da mídia - TV, filmes, propaganda etc - o público que pensa tem a idéia de que, assim como a sopa de um restaurante ruim, o cérebro dos cristãos ficaria melhor se não fosse mexido".


    Mas a situação pode mudar e Schaeffer mostra como pessoas engajadas em um Cristianismo consciente podem se desviar desse caminho da mediocridade, demandando excelência nas artes e na mídia e, em todas as áreas das suas vidas.


    Autor best-seller da lista no New York Times, segundo Schaeffer, os cristãos abandonaram sua posição proeminente na sociedade no momento em que passaram a encarar a criatividade de forma utilitária, ou seja, com o único objetivo de 'levar almas a Cristo'. Schaeffer aborda, nessa obra, sinais de como a mediocridade invadiu as artes produzidas pelos cristãos e as razões para isto. Sugere, ainda, um caminho para que os artistas não se sintam perseguidos pelos líderes religiosos que desejam explorar seus dons e talentos em nome da religião. O livro está organizado em duas partes, sendo a segunda uma espécie de questões orientadoras para grupos de estudo.


"Embora escrito na década de 80, a mensagem do livro permanece atual e é especialmente bem-vinda ao Brasil. Enquanto desperdiçamos pelo menos duas décadas esgrimindo para usar bateria nos templos, a fila andou no mundo. E bastante. Claro que sempre existiram vozes dissonantes por aqui. Algumas se levantaram para insurgir contra hinos americanos enlatados. Não sei se o queixume adiantou, mas há quem esteja supersatisfeito com as novidades no cardápio, do tipo canções em versão light... made in Austrália. Como cantava o Cazuza, 'um museu de grandes novidades'. Não apenas o futuro repete o passado... somos todos repetentes no supletivo da inovação". - Sérgio Pavarini, no prefácio da edição em português.

    De modo simplificado, a literatura desta obra afirma que todo o legado deixado pelos cristãos de insentivo à expressão intelectual e cultural da igreja primitiva contra a imposição social de classes repressoras, foi abandonado para o puritanismo policiado pela censura congregacional, contra o risco de violação dos fundamentos relacionais da cristandade. Em contra partida, a máquina pró-ativa da revelação de uma vida nova em Cristo para o mundo secular foi assim também substituído por mecanismos de segurança, visando o conformismo social perante os aspectos evangelísticos convencionais de instituições religiosas.    

"Os cristãos deveriam ser pessoas quem aplicam de maneira explícita aquilo em que crêem, de tal modo que isso os liberte para que verdadeiramente identifiquem determinados valores dados por Deus. Se a premissa vale para a natureza e para os objetos, muito mais para seres humanos e seus talentos criativos. Certas coisas não necessitam de justificativas espirituais ou teológicas. Elas são o que são - Deus as fez.

Como cristãos, somos filhos de Deus, não ideologistas de mente estreita, medindo tudo dentro de uma estrutura ideológica secular. Tampouco devemos nos escravizar à propaganda teológica cristã e à espiritualização de toda a realidade.

[...]

O que pode ser feito? Primeiramente, os cristãos devem se libertar da noção equivocada de que tudo deve ser medido em termos de sua utilidade à causa do cristianismo."

Viciados em Mediocridade - Frank Schaeffer, ed. W4.
    Para os interessados em leituras de levantamento crítico, trata-se de uma fonte reveladora sobre parâmetros essenciais construídos no intuito de reformulação de fundamentos e conceitos, acumulados ao longo dos séculos para a retórica cristã e sobretudo, uma profecia sobre o pragmatismo moderno no qual as comunidades e instituições passam e consequentemente, perecem nas últimas décadas por algo concreto e significativo ao nível revolucionário do evangelho.