Verbalize-se!

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domingo, 4 de setembro de 2011

Viciados em Mediocridade (Franky Schaeffer)


   Este livro de título provocativo apresenta os pensamentos de Frank Schaeffer, filho do renomado teólogo Francis Schaeffer, a respeito da arte conteporânea cristã, no qual enfrenta um período maciço de timidez expressiva diante de um cenário de sofisticação cultural.

   No livro, Frank demonstra como os cristãos sacrificaram sua posição artística proeminente, desfrutada por séculos, por uma produção medíocre. As evidências deste triste estado das coisas estão em abundância por aí e vão desde canecas, camisetas, adesivos para carros que usam o nome de Deus como um slogan de marketing, colocando o Criador do Universo no mesmo nível de um refrigerante. Schaeffer afirma que "sempre que cristãos, evangélicos em particular, tentaram ‘alcançar o mundo' por meio da mídia - TV, filmes, propaganda etc - o público que pensa tem a idéia de que, assim como a sopa de um restaurante ruim, o cérebro dos cristãos ficaria melhor se não fosse mexido".


    Mas a situação pode mudar e Schaeffer mostra como pessoas engajadas em um Cristianismo consciente podem se desviar desse caminho da mediocridade, demandando excelência nas artes e na mídia e, em todas as áreas das suas vidas.


    Autor best-seller da lista no New York Times, segundo Schaeffer, os cristãos abandonaram sua posição proeminente na sociedade no momento em que passaram a encarar a criatividade de forma utilitária, ou seja, com o único objetivo de 'levar almas a Cristo'. Schaeffer aborda, nessa obra, sinais de como a mediocridade invadiu as artes produzidas pelos cristãos e as razões para isto. Sugere, ainda, um caminho para que os artistas não se sintam perseguidos pelos líderes religiosos que desejam explorar seus dons e talentos em nome da religião. O livro está organizado em duas partes, sendo a segunda uma espécie de questões orientadoras para grupos de estudo.


"Embora escrito na década de 80, a mensagem do livro permanece atual e é especialmente bem-vinda ao Brasil. Enquanto desperdiçamos pelo menos duas décadas esgrimindo para usar bateria nos templos, a fila andou no mundo. E bastante. Claro que sempre existiram vozes dissonantes por aqui. Algumas se levantaram para insurgir contra hinos americanos enlatados. Não sei se o queixume adiantou, mas há quem esteja supersatisfeito com as novidades no cardápio, do tipo canções em versão light... made in Austrália. Como cantava o Cazuza, 'um museu de grandes novidades'. Não apenas o futuro repete o passado... somos todos repetentes no supletivo da inovação". - Sérgio Pavarini, no prefácio da edição em português.

    De modo simplificado, a literatura desta obra afirma que todo o legado deixado pelos cristãos de insentivo à expressão intelectual e cultural da igreja primitiva contra a imposição social de classes repressoras, foi abandonado para o puritanismo policiado pela censura congregacional, contra o risco de violação dos fundamentos relacionais da cristandade. Em contra partida, a máquina pró-ativa da revelação de uma vida nova em Cristo para o mundo secular foi assim também substituído por mecanismos de segurança, visando o conformismo social perante os aspectos evangelísticos convencionais de instituições religiosas.    

"Os cristãos deveriam ser pessoas quem aplicam de maneira explícita aquilo em que crêem, de tal modo que isso os liberte para que verdadeiramente identifiquem determinados valores dados por Deus. Se a premissa vale para a natureza e para os objetos, muito mais para seres humanos e seus talentos criativos. Certas coisas não necessitam de justificativas espirituais ou teológicas. Elas são o que são - Deus as fez.

Como cristãos, somos filhos de Deus, não ideologistas de mente estreita, medindo tudo dentro de uma estrutura ideológica secular. Tampouco devemos nos escravizar à propaganda teológica cristã e à espiritualização de toda a realidade.

[...]

O que pode ser feito? Primeiramente, os cristãos devem se libertar da noção equivocada de que tudo deve ser medido em termos de sua utilidade à causa do cristianismo."

Viciados em Mediocridade - Frank Schaeffer, ed. W4.
    Para os interessados em leituras de levantamento crítico, trata-se de uma fonte reveladora sobre parâmetros essenciais construídos no intuito de reformulação de fundamentos e conceitos, acumulados ao longo dos séculos para a retórica cristã e sobretudo, uma profecia sobre o pragmatismo moderno no qual as comunidades e instituições passam e consequentemente, perecem nas últimas décadas por algo concreto e significativo ao nível revolucionário do evangelho. 

Um comentário:

  1. É Cristiano, Já li esse livro!! Concordo que esse visão utilitária da arte invadiu os meios religiosos. E prejudica tanto a arte, quanto a religião. Na arte o óbvio tem efeito negativo!! os artistas "gospís" vão demorar para notar isso, enquanto tiverem uma audiência como a que têm hoje.

    Murilo

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